quarta-feira, 28 de julho de 2010

Carnival of Souls

Quero falar sobre um interessante porém desconhecido álbum de rock.

Antes disso, vamos ver o seguinte: você gosta de Kiss?

Se a sua resposta for NÃO, calma... Quem descobriu o Kiss depois de 1996 geralmente tem essa visão negativa mesmo, de 4 caras vestidos de super-heróis que só querem ganhar dinheiro.
Mas a verdade é que, apesar do visual chamativo, o sucesso do quarteto se deve muito mais ao seu lado musical. O Kiss é uma daquelas bandas que se destacam pela facilidade em compor melodias bem interessantes, simples e que cativam na primeira ouvida. Um pouco como era com os Beatles. Enfim, a música sempre brotou com criatividade no Kiss.
E aliás, para quem não sabe, durante 13 anos a banda se apresentou sem aquelas maquiagens, que voltaram a ser usadas a partir de 1997.

Pois vou falar sobre um álbum do Kiss, chamado Carnival of Souls. Gravado em 1996, é o último álbum sem maquiagem e com Bruce Kulick (guitarra) e Eric Singer (bateria). É também um dos mais diferentes e menos comerciais da carreira da banda, pois os outros contém canções mais simples e com uma sonoridade mais convencional.
Em Carnival of Souls o Kiss apresenta um lado mais pesado e cru - mas sem deixar de lado a melodia -, e também mais técnico, com músicas com "tempos quebrados", talvez influenciados por Dream Theater - por mais incrível que isso possa parecer. Além disso as guitarras estão numa afinação mais baixa, dando um tom bem mais grave.

Você vai ver que as músicas contêm elementos como:
  • riffs de guitarra pesados e muito bem sacados, meio como no Rage Against The Machine;
  • levadas de bateria muito competentes, com uma pegada firme e uma sensibilidade comparável a de bateristas como John Bonham, do Led Zeppelin;
Basta ouvir a primeira faixa, Hate.



Se você se assustou com a voz de Gene Simmons, tente Rain. Nervosa também, esta é cantada por Paul Stanley, e possui alguns compassos com "tempos quebrados".



Master & Slave
tem um riff bem legal, alterna trechos calmos com trechos mais barulhentos, e tem alguns compassos em 5/4.



I Will Be There é uma bela canção acústica. Também conta com a mesma afinação baixa das outras faixas, mas desta vez nos violões, com belos dedilhados.



Após estas, vale a pena conferir ao menos Jungle, In The Mirror (mais animada, e também com alguns compassos em 5/4) e Childhood's End.
Observe também como It Never Goes Away soa um pouco como se fosse alguma (boa) música do Black Sabbath pós-Ozzy.

Em alguns momentos nota-se em Carnival of Souls uma sonoridade até crua demais, como se não tivesse se investido muito em sua produção. A própria capa do cd é muito simples, muito crua.
O Kiss experimentou nesse álbum idéias e estilos que vão além do que fazia antes, decepcionando alguns fãs, mas aumentando a admiração de outros, como eu :-)